Coisa de palavras, sentados na relva do lago,
conversando por causa de um livro, pequenas
graças, alguma coisa termina. Os nomes das ruas
ficam sem a tinta do inverno, ponho a cabeça
fora da janela, talvez te veja, sacola ao
ombro, linhas sublinhadas, voam pedaços de
jornais. Posso dizer que passo os dias a abrir
e fechar janelas, nas esperas de nada haver
a esperar, ou talvez o corpo que quisera
acertado para o amor. Quem vem e quem não vem
é tudo o mesmo, há mais musgo nos telhados,
há menos noite, o sinal das horas desperta
este estreito corredor onde canso as mãos,
onde viajo até nova iorque, tudo é a casa,
uma orquestra de câmara, um reduzido museu,
uma feira de velharias, os jogos de ter sete
anos, e num outro poema volto a encontrar-te.
Vai sendo grave a paciência com que te
descubro estes meses passados, nunca fugirás,
respiro mal pelas cinco da manhã, se o corpo
cresce há que tapá-lo de iodo e pele nova.
Helder Moura Pinheiro
conversando por causa de um livro, pequenas
graças, alguma coisa termina. Os nomes das ruas
ficam sem a tinta do inverno, ponho a cabeça
fora da janela, talvez te veja, sacola ao
ombro, linhas sublinhadas, voam pedaços de
jornais. Posso dizer que passo os dias a abrir
e fechar janelas, nas esperas de nada haver
a esperar, ou talvez o corpo que quisera
acertado para o amor. Quem vem e quem não vem
é tudo o mesmo, há mais musgo nos telhados,
há menos noite, o sinal das horas desperta
este estreito corredor onde canso as mãos,
onde viajo até nova iorque, tudo é a casa,
uma orquestra de câmara, um reduzido museu,
uma feira de velharias, os jogos de ter sete
anos, e num outro poema volto a encontrar-te.
Vai sendo grave a paciência com que te
descubro estes meses passados, nunca fugirás,
respiro mal pelas cinco da manhã, se o corpo
cresce há que tapá-lo de iodo e pele nova.
Helder Moura Pinheiro
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