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A mostrar mensagens de abril, 2016

Noite apressada

Era uma noite apressada depois de um dia tão lento. Era uma rosa encarnada aberta nesse momento. Era uma boca fechada sob a mordaça de um lenço. Era afinal quase nada, e tudo parecia imenso! Imensa, a casa perdida no meio do vendaval; imensa, a linha da vida no seu desenho mortal; imensa, na despedida, a certeza do final. Era uma haste inclinada sob o capricho do vento. Era a minh'alma, dobrada, dentro do teu pensamento. Era uma igreja assaltada, mas que cheirava a incenso. Era afinal quase nada, e tudo parecia imenso! Imensa, a luz proibida no centro da catedral; imensa, a voz diluída além do bem e do mal; imensa, por toda a vida, uma descrença total! David Mourão-Ferreira